Você sabe quando aplicar cloreto de potássio na soja?

O potássio (K), é o segundo macronutriente essencial mais requerido pela cultura da soja, ficando atrás somente do Nitrogênio. Em média, são exportados cerca de 20 kg de K2O por tonelada de grãos produzidos (Gitti & Roscoe, 2017). Embora solos possuam certa fertilidade natural, visando a obtenção de altas produtividades, a adubação com potássio na soja tanto de correção quanto de manutenção é necessária no sistema de produção.

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 Adubação de potássio na soja

Conforme destacado por Marcandalli et al. (2018), a soja responde positivamente a adubação potássica (figura 1), sendo o cloreto de potássio a principal fonte e a de maior viabilidade econômica para uso no cultivo da soja (Oliveira Junior et al., 2020).

Figura 1. Médias da produção em decorrência de doses de potássio utilizadas na cultura da soja.

Médias da produção em decorrência de doses de potássio utilizadas na cultura da soja
Fonte: Marcandalli et al. (2018)

Normalmente, a adubação potássica é realizada na base de semeadura (via sulco), pelo uso de fertilizantes formulados N-P-K, no momento de semeadura. Entretanto, em algumas situações, elevadas doses de potássio podem causar efeito salino, prejudicando a germinação e emergências das sementes de soja.

Doses de K2O acima de 50 kg ha-1 para não causar danos por salinidade às sementes devem ser aplicadas preferencialmente à lanço, antes da semeadura da soja, ou aplicar metade da dose na semeadura e o restante em cobertura (Oliveira Junior et al., 2020). Nessas circunstâncias, pode-se realizar a adubação parcial ou total em cobertura, utilizando fertilizantes potássicos, sendo mais comum o uso do cloreto de potássio.

Qual a quantidade de potássio aplicar na soja?

A quantidade de potássio a ser aplicada na lavoura pode variar em função dos teores nutricionais no solo e expectativas de produtividade, havendo pequenas distinções, conforme recomendações dos manuais de adubação e calagem.

Além disso, é necessário analisar a relações entre (Ca+Mg)/K, Ca/K e Ca/Mg, visto que alguns trabalhos demonstram que essas relações podem exercer influência sobre a disponibilidade de nutrientes para as plantas (Veloso et al., 2001). Por serem absorvidos em formas catiônicas pelas plantas (K+; Ca++; Mg++), esses nutrientes podem exercer ação antagonista sobre outros elementos no solo, sendo necessário dar preferência para fontes aniônicas de outros minerais na adubação, a fim de possibilitar o sinergismo na absorção de nutrientes pela planta, frente a atração estabelecida por cargas opostas.

Em alguns casos, a falta de resposta da soja à aplicação de K em elevadas quantidades pode estar relacionada com suas interações com o Ca e o Mg do solo e, portanto, com a calagem, que promove o aumento das concentrações de Ca e Mg do solo, relativamente à do K, podendo reduzir a absorção de K pelas raízes e provocar sua deficiência (Oliveira et al., 2001). Contudo, Oliveira et al. (2001) destacam que a calagem favorece a manutenção do teor de K trocável do solo, por aumentar a CTC efetiva e reduzir as perdas por lixiviação, sendo que em certos casos, pode aumentar a disponibilidade de K às plantas mais do que a de Ca e Mg, devido ao menor grau de atração do K pelas cargas negativas do solo. Sobretudo, de maneira geral, a relação entre os teores disponíveis de (Ca+Mg) e de K não deve ser muito elevada.

Quando os níveis de potássio no solo forem classificados como Médio ou Bom, recomenda-se somente a adubação de manutenção, baseada na exportação de potássio pela cultura. Para a cultura da soja, estima-se que cerca de 20 kg de K2O são exportados do sistema de produção para cada tonelada de grãos produzidos, logo, para produtividades médias de 3 t. ha-1, a adubação de manutenção deve suprir 60 kg K2O ha-1 (Oliveira et al., 2007).

Nos casos onde há necessidade em corrigir a fertilidade do solo, a quantidade de fertilizante a ser utilizada deve levar em consideração os teores nutricionais do solo, com base na análise química da fertilidade do solo, além da concentração do nutriente no fertilizante e a expectativa de produtividade.

Quando aplicar o cloreto de potássio na soja?

De modo geral, doses inferiores a 50 kg ha-1 de K2O podem ser empregadas na base de semeadura da soja, via sulco, sem maiores danos ao estabelecimento da cultura. Entretanto, doses superiores podem ser parceladas ou posicionadas parcial ou totalmente em cobertura da cultura.  Além disso, em solos de textura média ou arenosa, é aconselhável fazer o parcelamento das doses de potássio para reduzir os riscos de lixiviação do nutriente no perfil do solo e escoamento superficial (Pas Campo, 2005).

Especificamente para solos com teor de argila superior a 35% e adequada disponibilidade de K, a adubação potássica pode ser feita a lanço, até 30 dias antes da semeadura. Nesse caso, a adubação complementar de potássio poderá ser realizada a lanço em cobertura, até o estádio vegetativo V4/V5 (Oliveira Junior et al., 2020).

Figura 2. Planta de soja no estádio V4 de acordo com escala fenológica de Fehr & Caviness (1977).

Planta de soja no estádio V4

Segundo Oliveira Junior et al. (2020), por apresentar maior mobilidade no solo, os processos de fluxo de massa e difusão determinam o contato do íon com as raízes, possibilitando maior flexibilidade quanto a época e o modo de aplicação do potássio. De modo geral, pode-se dizer que o potássio pode ser aplicado de forma localizada no sulco de semeadura, respeitando os limites máximos indicados em cada região e/ou via lanço em solos com fertilidade construída, de forma antecipadamente à semeadura ou em cobertura até o estádio V4/V5 de desenvolvimento da soja.

Cabe destacar que conforme analisado por Cavalini et al. (2018), além de influenciar a logística e dinâmica da propriedade, a definição da época de aplicação da adubação potássica em soja pode exercer influência sobre a produtividade final da cultura. Logo, definir o momento de aplicação do potássio em soja é fundamental para aumentar e eficiência de absorção do nutriente pela planta e maximizar a produtividade da cultura.

Referências:

CAVALINI, P. F. et al. RESPOSTA DA SOJA À ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO EM COBERTURA. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 1, 2018.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017, 2017.

MARCANDALLI, L. H. RESPOSTA DA CULTURA DA SOJA A ADUBAÇÃO POTASSICA EM COBERTURA NA REGIÃO DOS CHAPADÕES. FertiBio: Desafios para o uso do solo com eficiência e qualidade ambiental, 2018.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 7, 2020.

OLIVEIRA, F. A. et al. DISPONIBILDIADE DE POTÁSSIO E SUAS RELAÇÕES COM CÁLCIO E MAGNÉSIO EM SOJA CULTIVADA EM CASA-DE-VEGETAÇÃO. Scientia Agricola, v.58, n.2, p.329-335, abr./jun. 2001.

OLIVEIRA, F. A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 50, 2007.

PAS CAMPO. MANUAL DE SEGURANÇA E QUALIDADE PARA A CULTURA DA SOJA. Embrapa, Transferência de Tecnologia, 2005.

VELOSO, C. A. C. et al. RELAÇÃO CÁLCIO, MAGNESIO E POTÁSSIO SOBRE A PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DE MILHO. AGRONOMIA, Acta Amaz. 31 (2), Junho 2001.

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