A Florada dos citros é um dos momentos mais decisivos do ciclo produtivo. Representando o início da formação da próxima safra, essa fase está diretamente ligada ao potencial de produtividade e à qualidade final dos frutos. A carga de flores pode chegar a 250.000 flores por árvore, embora geralmente menos de 1% se torne um fruto maduro.
Uma florada vigorosa, uniforme e bem conduzida pode aumentar o percentual de pegamento e é o reflexo de um manejo eficiente que envolve aspectos nutricionais, fisiológicos, fitossanitários e ambientais.

Contudo, a florada também é uma etapa extremamente sensível. Estresses climáticos, desequilíbrios nutricionais, ataques de pragas e doenças podem comprometer significativamente a frutificação, impactando negativamente na produtividade esperada. Por isso, esta etapa requer atenção total do citricultor, que deve considerar as múltiplas necessidades da planta e todas as ferramentas disponíveis para mitigar estresses bióticos e abióticos e suas interações entre os diversos fatores que influenciam seu desempenho para melhorar o pegamento dos frutinhos
Florada dos Citros
A estratégia para o sucesso desta etapa começa antes do desenvolvimento da flor, quando os botões devem ser ativados pela interação entre fatores exógenos e endógenos, o que promove as mudanças em suas células necessárias para a formação de estruturas específicas, como as inflorescências.
Essa mudança de meristema vegetativo para inflorescência ou meristema floral é chamada de indução floral – época de floração e, embora comece nas folhas com a síntese de novas proteínas, exerce ação nas gemas, controlando a identidade do meristema e a transição de fase do desenvolvimento vegetativo para o reprodutivo e a formação de flores (diferenciação floral). Essas três fases, indução, diferenciação e organogênese, são reguladas de forma diferente e independente, atuando aqui os fatores nutricionais e hormonais endógenos e/ou exógenos.
A indução floral é regulada naturalmente pelo frio e pelo estresse hídrico, dependendo da região onde é plantada. Esses fatores modificam ou ativam genes responsáveis pela supressão ou identidades florais desencadeando o processo de florescimento. Entretanto, a intensidade e uniformidade da florada são indicativos do bom estado nutricional e fisiológico das plantas, refletindo diretamente na taxa de pegamento dos frutos, na uniformidade da colheita e na produtividade final.
Durante a florada dos citros, as exigências metabólicas da planta aumentam significativamente. O florescimento é um processo altamente energético, que demanda reservas acumuladas e uma nutrição equilibrada para sustentar o desenvolvimento floral e o início da frutificação.
Quais Os Nutrientes Essenciais para o Pegamento dos Frutos?
Como estratégia para melhorar os aspectos nutricionais e melhorar o pegamento dos frutinhos alguns nutrientes são fundamentais, entre eles destacam-se:
Boro: O bora Fundamental para a germinação do grão de pólen e o crescimento do tubo polínico;
- Cálcio: Promove integridade das paredes celulares e estabilidade estrutural das flores;
- Zinco e Manganês: atuam na formação de precursores hormonais e na atividade enzimática;
- Nitrogênio: Quando está em equilibrio influencia a emissão de brotações e formação floral;
- Molibdênio: envolvido na síntese de auxinas e na atividade da enzima nitrato redutase (NR), fundamental para a assimilação do nitrogênio pelas plantas.
- Cobalto: desempenha um papel significativo na inibição da produção de etileno em plantas, o que pode beneficiar a fixação dos frutos aumentando o pegamento.
Por Que os Frutos Caem?
Vale destacar que o processo subsequente de fixação do fruto envolve geralmente dois períodos de queda, um na florada e outro algumas semanas mais tarde, quando a entrada de carboidratos no fruto é reduzida, e o excesso de frutinhos se desprende (queda fisiológica). O estresse climático, normalmente atribuído a altas temperaturas (>35ºC) e limitações internas, como falta de polinização, níveis hormonais adversos, ou competição por carboidratos e/ou nutrientes, podem levar a uma baixa fixação de frutos.
Como Proteger a Planta dos Estresses que Comprometem a Florada?
É fundamental estabelecer algumas estratégias de mitigação destes estresses abióticos, principalmente pela ativação do sistema antioxidante enzimático das plantas que atua na neutralização das espécies reativas de oxigênio (EROs), protegendo as células contra danos oxidativos e consequente reduzindo a queda fisiológica dos frutinhos.
As principais enzimas envolvidas nesse processo são:
- Superóxido Dismutase (SOD): Converte o radical superóxido (O₂⁻) em peróxido de hidrogênio (H₂O₂), reduzindo a toxicidade das EROs. Precisa de Zinco, Manganês e Cobre para poder atuar.
- Catalase (CAT): Decompõe o H₂O₂ em água e oxigênio, prevenindo o acúmulo de peróxidos prejudiciais. Precisa de Ferro e Manganês para poder atuar.
- Glutationa Redutase (GR): Regenera a glutationa reduzida (GSH) a partir da glutationa oxidada (GSSG), mantendo o equilíbrio redox celular. Precisa de Nitrogênio, Enxofre, Magnésio, Fósforo e Molibdênio para poder atuar.
Uso de Reguladores de Crescimento
Além do equilíbrio nutricional é muito importante na manutenção e atuação das enzimas antioxidantes, mas existem outras ferramentas possíveis de serem manejadas com o objetivo de ajudar na regulação dos processos fisiológicos e na mitigação de estresse, como já demonstraram diversos estudos científicos sobre os benefícios da aplicação exógena de hormônios, conhecidos como reguladores de crescimento e devem ser utilizados em momentos específicos durante o processo de florescimento, entre eles podemos destacar:
- Auxinas: promovem o alongamento celular e são essenciais na formação de raízes e frutos. Em condições de estresse abiótico, os níveis de auxina podem diminuir, afetando negativamente o desenvolvimento da planta
- Citocininas: desempenham um papel crucial ao aumentar a força do dreno nos frutos em desenvolvimento. Elas ativam enzimas relacionadas ao metabolismo de carboidratos, promovendo o transporte de açúcares para os tecidos em crescimento, o que resulta em um maior acúmulo de carboidratos nos frutos. Esse processo é fundamental para o crescimento e a retenção dos frutinhos.
- Giberelinas: atuam na indução do florescimento e no crescimento dos frutos. Sua aplicação pode compensar os efeitos negativos do estresse hídrico, promovendo uma floração mais uniforme
- Ácido Abscísico (ABA): Embora seja conhecido por induzir a dormência, o ABA também desempenha um papel na resposta ao estresse hídrico, ajudando a planta a conservar água durante períodos de seca.
Alta Produtividade Começa com Estratégia
O sucesso no manejo da florada dos citros, com foco em altas produtividades, exige conhecimento aprofundado do pomar, planejamento criterioso e estratégias integradas que atendam às demandas nutricionais e fisiológicas das plantas. Pensando nisso, desenvolvemos o programa CITROS 360°, que reúne soluções específicas para cada etapa crítica do florescimento. Entre elas, destacam-se:
- STARTER CITROS: fornece os principais micronutrientes para suprir as exigências nutricionais durante a florada, como Nitrogênio, Enxofre, Boro, Manganês e Zinco.
- STIMULATTE: regulador vegetal que fornece hormônios específicos para melhorar o pegamento dos frutos;
- HOLD: disponibiliza Cobalto e Molibdênio, otimizando o aproveitamento do nitrogênio e reduzindo a síntese de etileno;
- MOVER: favorece o fluxo de carboidratos entre fonte e dreno, beneficiando flores e frutos;
- RELEAF: fortalece o sistema de defesa da planta, aumentando sua resistência ao estresse;
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