Com proporções devastadoras, os enfezamentos ocasionado cigarrinha-do-milho pela vêm assustando agricultores pela dificuldade de manejo e elevados danos causados na cultura. Segundo Waquil (1997), os enfezamentos podem causar significativa redução da matéria seca da parte aérea e raízes do milho, causando representativa redução na produtividade da cultura. Em casos mais severos os danos ocasionados pelos enfezamentos podem representar perda de produtividade de até 70% (Embrapa, 2017).
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O que são enfezamentos e qual sua relação com a cigarrinha-do-milho?
Os enfezamentos são doenças do milho causadas pela infecção da planta por microrganismos denominados molicutes (classe Mollicutes-Reino Bacteria), que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). Há dois tipos de enfezamentos: o enfezamento-pálido (causada por espiroplasma) e o enfezamento-vermelho (causada por fitoplasma) (Embrapa), ambos transmitidos pelo mesmo inseto vetor, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).
Figura 1. Adulto de cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).
Fonte: Portal Bold System
O principal vetor de transmissão dos enfezamentos para o milho:
Tendo em vista que a cigarrinha-do-milho é o principal vetor de transmissão dos enfezamentos para o milho, a principal estratégia de controle dessas doenças é o controle da cigarrinha, reduzindo assim a transmissão dos microrganismos causadores das doenças. Entretanto, cabe destacar que infelizmente ainda não há nível de controle pré-estabelecido com base no número de indivíduos, uma vez que a transmissão das doenças independe do número de cigarrinhas, estando relacionada com o número de indivíduos infectados com molicutes.
Manejo da cigarrinha-do-milho
Sendo assim, áreas com histórico de ocorrência da doença devem receber atenção especial no manejo da cigarrinha-do-milho, sendo indispensável o controle da praga ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura, os quais coincidem com o período crítico de transmissão das doenças. Para o controle da cigarrinha pode-se utilizar inseticidas registrados para a cultura, dando preferência para o controle da praga da emergência até V5.
Figura 2. Período de maiores danos com o ataque de cigarrinha.
Fonte: Mais Soja
Para controle da praga, cerca de 30 inseticidas estão disponíveis contemplando os grupos químicos: neonicotinoide, piretroide, metilcarbamato de oxima, organofosforado e metilcarbamato de benzofuranila (Agrofit. 2021). Entretanto, além da aplicação de inseticidas, outros artifícios podem ser utilizados para minimizar a ocorrência dos enfezamentos e reduzir a população das cigarrinhas, tais como: a boa e velha rotação de culturas, a eliminação de plantas daninhas e plantas de milho espontâneas, que possam vir a servir como ponte verde para a cigarrinha, e a padronização da semeadura do milho.
Embora essa última prática seja um tanto quando complicada do ponto de vista operacional, a padronização da semeadura de lavouras de milho dificulta a migração das cigarrinhas de lavouras mais velhas para lavouras em início de desenvolvimento, reduzindo a dispersão da praga e proporcionando melhor controle das populações de cigarrinhas. Além dessas práticas de manejo, a utilizações de híbridos de milho com resistência aos enfezamentos e adaptados a região e ambiente de cultivo, aliado a um eficiente tratamento de sementes do milho podem contribuir para o manejo da cigarrinha e consequentemente reduzir a incidência dos enfezamentos.
Contudo, independentemente de seguidas as orientações acima descritas, deve-se dar atenção especial a lavouras de milho nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura, dando ênfase para o monitoramento da cigarrinha-do-milho. Além disso, um adequado pacote tecnológico, aliado a uma boa nutrição de plantas pode proporcionar melhores condições fisiológicas para que plantas de milho cresçam e se desenvolvam bem contribuindo para a boa produtividade da cultura.
Tendo em vista que os efeitos do enfezamento são observados em estádios mais tardios na planta, o objetivo geral é proteger a lavoura do ataque das cigarrinhas nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura, especialmente o período crítico de transmissão, visto que quanto mais cedo a planta for infectada, maiores são os danos econômicos.
Referências:
AGROFIT. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
EMBRAPA. CONTROLE DA CIGARRINHA DO MILHO: ENFEZAMENTOS POR MOLICUTES E CIGARRINHA DO MILHO.
EMBRAPA. NEWS: ENFEZAMENTO DO MILHO APARECE COMO PROBLEMA NESTA SAFRA. Embrapa, 2017.
WAQUIL, J. M. AMOSTRAGEM E ABUNDÂNCIA DE CIGARRINHAS E DANOS DE Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott)(Homoptera: Cicadellidae) EM PLÂNTULAS DE MILHO. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 26, n. 1, p. 27-33, 1997.
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