Durante o estádio reprodutivo da soja, uma série de cuidados são necessários, visando evitar a matocompetição e incidência de pragas e doenças. Dependendo da espécie de praga ou doença, comportamentos distintos são observados frente a incidência na cultura e os danos ocasionados. Pragas como os percevejos por exemplo, exercem maior dano na soja no período reprodutivo do que no período vegetativo da cultura.
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Para auxiliar práticas de manejo da soja, o uso de escalas fenológicas é indispensável. As escalas são utilizadas para a determinação do estádio de desenvolvimento da cultura, sendo a mais utilizada na cultura da soja a escala proposta por Fehr & Caviness em 1977.
Segundo a escala fenológica de Fehr & Caviness (1977), o período reprodutivo da soja é marcado pelo início do florescimento da soja, sendo observada uma flor aberta em qualquer nó da haste principal, a planta encontra-se em R1. A cor da flor pode variar de acordo com a cultivar, sendo mais comum as colorações roxa ou branca.
Figura 1. Planta de soja em R1 conforme escala fenológica de Fehr & Caviness (1977).
Fonte: Stoller.
O que acontece no estádio reprodutivo da soja?
Nesse estádio do desenvolvimento, a planta começa a aumentar o acúmulo de matéria seca e nutrientes, chegando em seu máximo no período de enchimento de grãos.
Figura 2. Marcha de acúmulo de Matéria Seca (MS) e nutrientes na cultura da soja. Destacado em vermelho o período de máxima absorção de MS e nutrientes.
Fonte: Embrapa – Radar da Tecnologia Soja.
Embora diferenças possam ocorrer entre cultivares, de maneira geral todas seguem esse comportamento de absorção de matéria seca e nutrientes.
Qual o hábito de crescimento dos cultivares de soja?
Cultivares de soja podem variar de acordo com o hábito de crescimento, sendo o início do florescimento fundamental para a identificação desses. Os hábitos de crescimento mais comuns encontrados em cultivares de soja brasileiras são o hábito de crescimento determinado e o hábito de crescimento indeterminado.
Cultivares de hábito de crescimento determinado, após o início do florescimento (marcado por R1) crescem pouco e não ramificam mais; além disso, o florescimento ocorre simultaneamente em toda a planta; vagens e grãos desenvolvesse praticamente ao mesmo tempo, seja no topo ou parte inferior da planta; apresentam racemo longo e folhas do topo ou base da planta apresentam dimensões praticamente iguais (Embrapa).
Já cultivares tidas com hábito de crescimento indeterminado, seguem crescendo após o início do florescimento, podendo até mesmo dobrar de estatura até a maturação fisiológica da planta. O florescimento da planta não ocorre de forma simultânea, sendo observado primeiro na parte inferior da planta e ascendendo. Da mesma forma para a formação de vagens e grãos, que ocorrem de baixo para cima na planta. Diferentes dimensões são observadas nas folhas da planta, sendo as folhas da parte inferior maiores quando comparadas as folhas da parte superior (Embrapa).
Figura 3. Evapotranspiração diária (ET) em diferentes estádios do desenvolvimento da soja.
Fonte: Berlato; Matzenauer; Bergamaschi (1986).
Quais pragas deve-se atentar nesse estádio?
Segundo Sosa-Gómes et al. (2006), no estádio reprodutivo da soja deve-se atentar principalmente para a presença de percevejos e lagartas que atacam vagens e estruturas reprodutivas, como as lagartas do complexo Spodopera spp. e Helicoverpa spp. respectivamente.
Além de causar perdas significativas na produtividade da soja, percevejos como o percevejo-marrom (Euschistus heros), o percevejo verde (Nezara viridula), o percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii) entre outros, podem causar injurias de ordem qualitativa, prejudicando atributos fisiológicos como a germinação das sementes.
Com o aumento da área foliar e condições de elevada temperatura e umidade, doenças fúngicas podem incidir com facilidade na cultura da soja, prejudicando o crescimento e desenvolvimento vegetal. Doenças como a Antracnose (Colletotrichum truncatum) são frequentemente encontradas no período inicial da formação de vagens, sendo assim, o monitoramento dessa e outras doenças é fundamental para evitar perdas quantitativas e qualitativas da soja.
O início do florescimento estabelece um período onde é necessário maior cautela com a cultura, evitando injurias em estruturas reprodutivas da planta e atentando para o requerimento hídrico da cultura, sendo assim o monitoramento da lavoura é indispensável.
Assista ao vídeo abaixo e saiba mais!
Referências:
BERLATO, M.A.; MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H. EVAPOTRANSPIRAÇÃO MÁXIMA DA SOJA E RELAÇÕES COM A EVAPOTRANSPIRAÇÃO CALCULADA PELA EQUAÇÃO DE PENMAN, EVAPORAÇÃO DO TANQUE “CLASSE A” E RADIAÇÃO SOLAR. Agronomia Sulriograndense, Porto Alegre, v.22, n.2, p.243-259, 1986.
EMBRAPA. Agência Embrapa de Informação Tecnológica.
FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.
SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTRBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2006.
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