As melhores práticas de adubação para soja

Para o bom crescimento e desenvolvimento vegetal, é necessário que todas as exigências da cultura sejam supridas, e com a nutrição não é diferente. Alguns nutrientes são considerados essenciais pela função desempenhada no metabolismo da planta e sua ausência pode causar anormalidades severas no crescimento, no desenvolvimento, na reprodução ou até mesmo impedir uma planta de completar seu ciclo de vida. Para efeito de classificação, os elementos minerais essenciais em geral são divididos em dois grupos, macro ou micronutrientes, de acordo com suas concentrações relativas nos tecidos vegetais (Taiz et al., 2017). Essa divisão auxiliar no manejo da fertilidade do solo, tendo em vista que a utilização de fertilizantes é a principal forma de adicionar nutrientes no solo, a fim de suprir o requerimento da cultura.

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Adubação para soja: extração e exportação de nutrientes

Dentre os macronutrientes, Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K) são os mais conhecidos e trabalhado na cultura da soja. Conforme destacado por Martins (2019), em média, para a produção de uma tonelada de grãos de soja são necessários cerca de 80 kg.ha-1 de N, 8 kg.ha-1  de P e 31 kg.ha-1  de K.

Diversos autores realizaram estudos ao longo do tempo analisando a extração e exportação de nutrientes da soja, a fim de balizar recomendações de manejo da fertilidade do solo. Conhecer a extração e exportação de nutrientes da soja é de suma importância para em conjunto com os resultados obtidos na análise química da fertilidade do solo e a expectativa de produtividade, definir o fertilizante e dose a ser empregado no cultivo da soja.

Tabela 1. Extração e Exportação de nutrientes pela cultura da soja. Valores médios obtidos por diferentes autores.

Extração e Exportação de nutrientes pela cultura da soja.

Fonte: Martins (2019)

Análise química da fertilidade do solo

A fim de averiguar e identificar possíveis deficiências nutricionais ou a necessidade de determinadas práticas de manejo, recomenda-se a coleta de amostras de solo das áreas de produção e posterior análise química da fertilidade do solo. Embora atualmente a agricultura de precisão aponte com maior exatidão os níveis de fertilidade do solo (mapas de fertilidade), mesmo em propriedades em que ainda não se aderiu a agricultura de precisão, é possível realizar a análise de solo. A coleta das amostras de solo pode ser realizada de forma mais generalizada (com maior abrangência), desde que seguidas algumas recomendações técnicas.

Segundo Gitti; Roscoe; Rizzato (2018), deve-se coletar subamostras de um talhão, fazendo caminhamento na área. As subamostras devem ser homogeneizadas a fim de compor a amostra de solo, a qual não precisa ser superior a 500g. Em agricultura de precisão é possível definir a área a ser representada pela amostra de solo, entretanto, quando não for o caso, não se recomenda a coleta de apenas uma amostra de solo para áreas superiores a 30 hectares.

Cabe destacar que a análise de solo é o “exame” da lavoura, sendo assim, é uns dos requisitos básicos para um bom manejo da fertilidade do solo.

Calagem

Além de garantir a quantidade de nutrientes necessários para a boa produtividade da soja, é essencial garantir a disponibilidade deles para as plantas. Um dos principais fatores limitantes da disponibilidade de nutrientes no solo é o inadequado pH do solo. Conforme destacado por Gitti; Roscoe; Rizzato (2018), a disponibilidade de nutrientes no solo varia em função do pH, sendo que para a maioria dos nutrientes, níveis de pH variando entre 6 e 7, garantem a maior disponibilidade de nutrientes no solo e a baixa disponibilidade de alumínio tóxico.

Figura 1. Disponibilidade de nutrientes no solo, em função do pH.

Disponibilidade de nutrientes no solo, em função do pH

Fonte: Gitti; Roscoe; Rizzato (2018)

Em solo com baixo pH, mesmo que realizada a adubação corretamente e os teores de nutrientes no solo estejam altos, esses nutrientes tendem a permanecer indisponíveis para as plantas, limitando seu crescimento, desenvolvimento e produtividade. Dessa forma, a correção da acidez do solo é essencial para maximizar a eficiência da adubação e promover a boa disponibilidade de nutrientes para a cultura da soja.

A principal forma de realizar a correção da acidez e pH do solo é por meio da calagem seguindo as recomendações técnicas para a cultura. Entretanto, cabe destacar que calagem deve ser realizada no mínio 90 dias antes da semeadura de qualquer cultura, sendo necessário planejamento (Sfredo, 2008).

Adubação para soja

Realizada a análise química da fertilidade do solo e a calagem quando necessário, o próximo passo é realizar a adubação da cultura da soja. Normalmente recomenda-se realizar a adubação de correção com base nos resultados da análise de solo, expectativa de produtividade para a cultura, e posteriormente a adubação de manutenção nas culturas sucessoras.

As recomendações técnicas para a adubação da cultura da soja podem variar de acordo com região de cultivo, entretanto, todas visam suprir as exigências da cultura. A adubação de base (base de semeadura) é uma das mais realizadas a nível de campo, utilizando fertilizantes formulados N-P-K.  Quando se optar pelo uso de fertilizantes minerais, deve-se atentar para algumas características e particularidades dos nutrientes.

Em virtude da salinidade presente em fertilizantes potássicos, em algumas situações a utilização de elevadas doses de potássio pode prejudicar a germinação das sementes de soja em função do efeito salino. Nessas situações, é possível realizar o parcelamento da adubação potássica visando contornar o problema, podendo fertilizantes potássicos serem aplicados a lanço.

Por o fósforo ser considerado um nutriente de baixa mobilidade no solo (Pereira, 2009), tecnicamente não é recomendada a distribuição de fertilizantes fosfatados a lanço, sendo agronomicamente aconselhada a distribuição desse nutriente via sulco de semeadura.

Tradicionalmente a adubação de base na cultura da soja é realiza com fertilizantes formulados N-P-K, entretanto, principalmente se tratando de micronutrientes, é possível realizar a adição de alguns deles no tratamento de sementes (TS) ou aplicação via foliar em pós-emergência da soja.

Em algumas ocasiões, em sistemas de cultivo bem definidos, é possível ainda realizar a adubação de sistema, onde parte dos fertilizantes é fornecida na cultura antecessora a soja. Contudo independente da forma de adubação utilizada é de vital importância para sucesso produtivo o acompanhamento e monitoramento da fertilidade do solo por meio da análise química da fertilidade do solo.

Referências:

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018, 2018.

MARTINS, G. TABELA DE EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA. Nutrição de Safras, 2019.

PEREIRA, H. S. FÓSFORO E POTÁSSIO EXIGEM MANEJOS DIFERENCIADOS. Visão Agrícola, n. 9, 2009.

SFREDO, G. J. CALAGEM E ADUBAÇÃO DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 61, 2008.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, Porto Alegre, 2017.

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