Fisiologicamente, as raízes são os órgãos responsáveis pela fixação da planta no solo, pela absorção de água e nutrientes do solo, e no caso das Fabaceas como a soja, as raízes também são responsáveis por abrigar as bactérias fixadoras do nitrogênio, que por simbiose fornecem grande parte do nitrogênio necessário para boas produtividades de soja.
Considerando a atuação das raízes na absorção de água e nutrientes do solo, o bom desenvolvimento do sistema radicular da soja é determinante para o bom crescimento da parte aérea da planta e tolerância a período de estresse. Quanto maior o volume radicular da planta, e quanto melhor ele for distribuído no perfil do solo, maior o volume de solo explorado pela planta, e com isso, maior o acesso a água e nutrientes.
Como melhorar o sistema radicular da soja
Dentre os principais fatores responsáveis por limitar o crescimento do sistema radicular da soja, destacam-se o impedimento químico e o impedimento físico, causados respectivamente pela acidez do solo e pela compactação física do solo. Uma das formas de avaliar a compactação física do solo é por meio da resistência do solo à penetração (RP), sendo que, de maneira geral, quanto maior a RP do solo, maior sua compactação física.
Do ponto de vista agronômico, estudos demonstram que a compactação do solo está diretamente relacionada com a produtividade da soja (figura 1), havendo um decrescimento da produtividade a medida em que há o aumento da resistência do solo a penetração (Girardello et al., 2014). O mesmo é válido para restrição química imposta pela acidez do solo. A medida em que o pH do solo diminui, elevando os níveis de alumínio tóxico na rizosfera, há uma restrição do crescimento radicular da soja, limitando a capacidade da planta em absorver água e nutrientes das camadas mais profundas do solo. Além disso, é consenso que solos com pH inferior a 5,5 apresentam redução da disponibilidade de alguns nutrientes no perfil, mesmo havendo elevada concentração de nutrientes no solo. Logo, a análise química da fertilidade do solo e a avaliação do estado físico dele é determinante para o planejamento e execução de práticas de manejo.
Figura 1. Produtividade da soja em função da resistência da penetração.

A relação da produtividade da soja com o sistema radicular da planta também foi corroborada por Battisti & Sentelhas (2017). Os autores destacam que plantas de soja que alocam mais de 50% do sistema radicular em profundidades superiores a 30 cm podem alcançar produtividades acima de 7.000 kg ha⁻¹. Por outro lado, aquelas com cerca de 70% das raízes concentradas nos primeiros 30 cm de solo dificilmente ultrapassam 4.000 kg ha⁻¹.
Figura 2. Relação entre a produtividade da soja e a distribuição das raízes da planta no perfil do solo.

Do ponto de vista técnico e científico, a base do manejo para promover o bom crescimento da soja começa com a correção da acidez do solo e da compactação física dele. Ao longo do tempo, estratégias para alcançar o equilíbrio químico e a boa estrutura física do solo podem ser empregadas para potencializar a formação de raízes em busca de melhorar a resiliência da planta a condições de estresse, e elevar o potencial produtivo da cultura.
Da mesma forma que a deficiência nutricional pode limitar o crescimento da parte aérea da planta, o desequilíbrio nutricional ou a carência de algum nutriente, podem limitar o crescimento do sistema radicular da planta. Nesse sentido, corrigir os níveis nutricionais do solo também é determinante para o bom crescimento das raízes. Visando mitigar o efeito de estresses e/ou potencializar o crescimento e distribuição de raízes no solo, ferramentas como reguladores de crescimento, fitormônios e/ou substancias bioestimulantes podem ser utilizadas em soja.
Dentre as principais e mais importantes técnicas para promover o crescimento radicular da soja, podemos destacar a coinoculação da cultura com bactérias do gênero Azospirillum. Ainda que outros microrganismos a exemplo do fungo Trichoderma e da bactéria Bacillus sejam associadas ao crescimento radicular da soja (Wurzius et al.,2024; Chagas Junior et al., 2021), em função do bom sinergismo com as bactérias do gênero Bradyrhizobium, o Azospirillum é uma das bactérias mais promissoras e eficientes em contribuir para o crescimento do sistema radicular da soja.
O Azospirillum sintetiza fitormônios que promovem o crescimento vegetal, principalmente do sistema radicular, o que favorece a nodulação e a FBN realizada pelo Bradyrhizobium, além de trazer outros benefícios, como ampliação do volume de solo explorado. As plantas de soja coinoculadas com Bradyrhizobium e Azospirillum apresentam uma nodulação mais abundante e precoce, além de um maior volume de raízes (Prando et al., 2019).
Figura 3. Aspecto das raízes de soja sem inoculação, e coinoculada com Bradyrhizobium + Azospirillum.

Hormônios benéficos para o sistema radicular
Além da coinoculação da soja, o uso de reguladores de crescimento, dentre eles, alguns fitormônios vegetais, tem demonstrado importante papel no estímulo ao crescimento radicular da soja, contribuindo para a resiliência da planta sob condições de estresse e aumento da produtividade sob condições normais. Um estudo conduzido por Carvalho et al. (2013) demonstrou que o uso de biorreguladores em soja contribui efetivamente para o aumento de produtividade da cultura, afetando positivamente componentes de produtividade da soja; fato corroborado por Barbosa et al. (2023) que identificou que a produtividade da soja é beneficiada pelo uso de biorreguladores, em especial os que combinam em sua formulação, citocinina, giberelina e auxina.
As auxinas exercem um importante papel no geotropismo e diferenciação das raízes (Paulilo; Viana; Randi, 2015). As giberelinas por sua vez, agem em conjunto com as auxinas no elongamento celular e também, atuam na quebra da dormência fisiológica de sementes, estimulando o crescimento e desenvolvimento do embrião e, por consequência, a germinação e emergência da plântula, contribuindo para o bom estabelecimento inicial da soja (Mortele et al., 2011).
Assim como as auxinas e giberelinas, as citocininas são considerados hormônios promotores do crescimento vegetal, e de acordo com Taiz et al. (2017) a citocinina é exigida para o desenvolvimento normal da raiz.
Atuação da auxina no sistema radicular
Atuando como um sinalizador molecular que regula diretamente a expressão de genes envolvidos no desenvolvimento do sistema radicular, a auxina desempenha papel crucial no crescimento da raiz primária e é essencial para o desenvolvimento de raízes laterais e adventícias, promovendo o crescimento radicular (Taiz et al., 2017; Du & Scheres, 2017).
Tanto auxinas, quando citocininas e estrigolactonas são produzidas em quantidades variáveis na raiz e na parte aérea, mas sua translocação permite que eles exerçam efeitos muito distante de seus sítios de síntese. As estrigolactonas constituem um grupo de lactonas terpenóides que promovem interações na rizosfera, reduzindo a formação de raízes adventíceas e de raízes laterais, promovendo o crescimento de pelos, desempenhando assim, funções análogas nas raízes (Taiz et al., 2017).
Figura 4. Transporte de longa distância de três hormônios que regulam a ramificação da parte aérea: auxinas, citocininas e estrigolactonas. A auxina é produzida predominantemente nas folhas jovens em expansão e é transportada no sentido basípeto por transporte polar mediado por PIN1. As estrigolactonas e as citocininas são sintetizadas principalmente na raiz e podem apresentar translocação acrópeta para a parte aérea via xilema. Esses dois hormônios podem também ser sintetizados em tecidos da parte aérea adjacentes às gemas axilares. (De Domagalska e Leyser, 2011.)

Atuação da giberelina no sistema radicular
Assim como a auxina, as giberelinas também possuem um papel no desenvolvimento radicular. Em conjunto com as auxinas, as giberelinas ativam a enzima XET (xiloglucano endo-transglico silase), uma das responsáveis pela hidrólise de xiloglucano, um tipo de hemicelulose de paredes celulares. Isso permite que novas terminações de polissacarídeos se unam aos já existentes para aumentar seu comprimento e facilitar o deslizamento dos polissacarídeos de parede (Paulilo; Viana; Rain, 2015), ou seja, as giberelinas atuam no relaxamento da parede celular, facilitando a elongação das células das raízes, contribuindo assim para o crescimento radicular.
As giberelinas são sintetizadas em tecidos jovens da parte aérea das plantas e também em sementes em desenvolvimento. Esse fitormônio participa da mobilização de substâncias de reservas em endospermas de cereais e dessa forma atua no processo de germinação de sementes, sendo portanto, essenciais para o processo de germinação (Paulilo; Viana; Randi, 2015).
Atuação da citocinina no sistema radicular
De acordo com Taiz et al. (2017) a citocinina é exigida para o desenvolvimento normal da raiz, contudo, há uma relação de interação entre citocinina e auxina, sendo que, níveis mais elevados de citocinina favorecem a formação de parte aéreas na planta, e níveis mais elevados de auxina favorecem a formação das raízes. Nesse sentido, há uma regulação antagônica entre auxina e citocinina para o desenvolvimento da parte aérea e da raiz da planta. A citocinina é sintetizada nas raízes se move em direção à parte aérea no xilema, já a auxina é sintetizada na parte aérea e transportada em direção à raiz.
Associando ao conceito de “Soja Forte”
Considerando a influência direta e indireta dos fitormônios no crescimento das raízes, o uso de biorreguladores que contenham esses reguladores de crescimento em sua formulação constitui uma interessante estratégia de manejo para elevar os níveis hormonais na planta, em prol do crescimento e desenvolvimento radicular.
Estudos científicos demonstra que, desde que bem posicionados, reguladores do crescimento e/ou bioestimulantes que contenham fitormônios em sua composição podem proporcionar ganhos substanciais de produtividade para a soja. Analisando as repostas produtivas da soja em função do uso de reguladores vegetais, contendo cinetina, ácido giberélico e ácido 4-Indol-3-Ilbutírico, Carvalho; Viecelli; Almeida (2013) observaram incrementos de produtividade superiores a 34% com o uso do bioestimulante, quando comparado a testemunha.
Corroborando, um estudo mais recente conduzido por Rezende et al. (2025) analisou o efeito da aplicação de um biorregulador em diferentes estádios fenológicos da cultura da soja, e constatou que, ao utilizar bioestimulantes precursores de precursor de auxina, citocinina, giberelina e betaína, obteve-se ganhos de produtividade da soja de até 35% em comparação a testemunha.
Dentre as principais e melhores ferramentas desenvolvidas com o intuito de promover o aumento da produtividade da soja e o equilíbrio fisiológico da planta, destaca-se o programa Soja Forte da Stoller, que atua em cada etapa do desenvolvimento da soja, focando nas necessidades fisiológicas da cultura e no aumento da produtividade final.
Contendo STIMULATE®, HOLD e MOVER,, o Soja Forte é um exemplo de sucesso, com resultados comprovados em mais de 1000 lavoura e em pesquisas científicas. Resultados obtidos por Bertolin et al. (2010), demonstram que a aplicação de STIMULATE® promoveu não apenas o aumento da produtividade da soja, mas também o incremento em componentes produtivos, como o número de vagens por planta, independentemente da via de aplicação, seja via sementes ou foliar. Em sua formulação, o STIMULATE® contém uma citocinina, uma giberelina e uma auxina (cinetina, ácido giberélico e ácido 4-indol-3-ilbutírico), que como visto anteriormente, atuam no crescimento radicular da soja, seja de forma direta ou indireta, proporcionamento o melhor desenvolvimento das raízes da planta. Não menos importante, HOLD apresenta em sua composição nutrientes que contribuem na diminuição da síntese de Etileno, hormônio responsável pelo envelhecimento celular, que tem seu aumento de produção causado por estresses bióticos e abióticos; e também para o melhor aproveitamento do nitrogênio absorvido via solo, quepotencializam a fixação biológica de nitrogênio. Já o MOVER, é um complexo de micronutrientes que melhora a eficiência das plantas durante a granação, cooperando para maior peso e qualidade de grãos/frutos, aumentando a produtividade.
Juntos esses produtos que compõe o Soja Forte promovem o equilíbrio hormonal e nutricional, contribuindo para melhor estabelecimento, enraizamento e consequentemente tolerância da soja a estresses abióticos, proporcionando ganhos substanciais de produtividade e a manutenção do potencial produtivo sob condições adversas.
Em resumo, o adequado crescimento, aprofundamento e distribuição do sistema radicular da soja no perfil do solo é um fator determinante para altas produtividades e maior resiliência das plantas frente a condições de estresse. Além de limitações físicas e químicas do solo, desequilíbrios nutricionais e hormonais também podem comprometer o desenvolvimento radicular. Nesse contexto, o uso de tecnologias que associem reguladores de crescimento vegetal (especialmente aqueles relacionados à formação e elongação de raízes) com macro e micronutrientes essenciais, representa uma estratégia promissora para estimular o enraizamento e, consequentemente, o desempenho produtivo da cultura. No entanto, os resultados dependem diretamente do posicionamento técnico dessas ferramentas, que devem ser integradas a um manejo que priorize as condições básicas de fertilidade e estruturação do solo.
0 comentários