Como Melhorar a Performance das Plantas com Produtos Biológicos?

A expressão “plant performance” ou perfomance das plantas, refere-se à capacidade da planta em expressar seu potencial produtivo. Essa capacidade é influenciada por diversos fatores fisiológicos, morfológicos e edafoclimáticos, que podem interagir entre si, afetando o crescimento e desenvolvimento vegetal, podendo impactar positivamente ou negativamente a produtividade.

Atrelado as condições climáticas e ambientais, o potencial genético da planta é responsável por determinar seu potencial produtivo, o que muitas vezes não é alcançado em função de limitações ambientais,  nutricionais, estresses bióticos e abióticos. Nesse sentido, o potencial produtivo da planta “plant performance” é determinado entre outros fatores, principalmente pela radiação solar, temperatura, concentração de CO₂ atmosférico e pelas características genéticas da cultivar (Van Ittersum & Rabbinge, 1997; apud. Ordoñez, 2025).

A interação entre esses fatores resulta em uma lacuna de produtividade nas culturas agrícolas, principalmente em função das respostas fisiológicas da planta a baixa disponibilidade de água, nutrição, radiação solar e CO2. A fisiologia da planta é afetada, reduzindo sua capacidade de produzir fotoassimilados e translocá-los para os grãos, reduzindo consequentemente a produtividade da cultura.

Figura 1. Fatores que definem o potencial de produtividade (azul), que limitam a produtividade alcançável (amarelo) e que reduzem a produtividade atual (vermelho) em relação ao nível e situação de produção.

Fatores que impactam a produtividade
Fonte: Equipe Field Crops

Considerando que tanto água, quando nutrição, radiação solar, temperatura e CO2 são necessários no metabolismo vegetal e portanto apresentam relação com a atividade fisiológica da planta, reduzir a escassez desses parâmetros, em conjunto com estratégias que mitiguem o estresse vegetal, pode contribuir para o aumento da performance das plantas, resultando no aumento da produtividade.  

Plant Performance e o Mercado de Biológicos

A participação dos produtos biológicos, também conhecidos como bioinsumos na agricultura brasileira, vem crescendo safra após safra, impulsionada pelos benefícios proporcionados por esses agentes, bem como versatilidade dos bioinsumos.

A participação do mercado de bioinsumos comerciais no valor de mercado total, incluindo tratamento de sementes, inoculantes, fungicidas, inseticidas, nematicidas, herbicidas, adjuvantes e óleos, cresceu de R$ 3,9 bilhões na safra 2021/22 para R$ 5,1 bilhões em 2023/24, um aumento de 30% nas últimas três safras (CropLife Brasil, 2024).

Figura 2. Área tratada com bioinsumos (em mi ha) e participação dos biológicos na área total tratada no Brasil.

Área tratada com bioinsumos
Fonte: CropLife Brasil (2024)

Do controle biológico de pragas e doenças, ao estímulo ao crescimento vegetal e redução de estresses abióticos, os bioinsumos tem contribuído significativamente para o aumento da eficiência e produtividade das plantas. Muitos microrganismos possuem ampla versatilidade, atuando tanto no controle de pragas e patógenos como no estímulo a respostas fisiológicas da planta que induzem ao crescimento e maior tolerância a estresses.

Microrganismos como as bactérias do gênero Bradyrhizobium, por exemplo são capazes de fixar o nitrogênio (N) atmosférico em uma relação simbiótica com Fabaceas como a soja, fornecendo todo o N necessário para boas produtividades de soja, além de proporcionar ganhos de produtividade da ordem de 8% em relação a soja não inoculada com essas bactérias (Prando et al., 2019).

De forma sinérgica, alguns bioinsumos tem proporcionado benefícios significativos para a produção agrícola.  Associado a inoculação com Bradyrhizobium, a coinoculação da soja com Azospirillum possibilita o aumento da produtividade da cultura em até 25% em comparação a inoculação padrão (Araujo et al., 2025). Exemplos com esse tem sido corroborados pela literatura, demonstrando o sinergismo entre insumos biológicos.

Embora possuam uma modesta capacidade de fixar nitrogênio em uma relação associativa com a soja, as bactérias do gênero  Azospirillum se destacam por atuar na produção de fitormônios que estimulam o crescimento radicular da planta, aumentando sua tolerância a condições de estresse e elevando a capacidade da planta em explorar uma maior camada de solo.

Além dos microrganismos que apresentam ala versatilidade do manejo de culturas agrícolas, substancias bioestimulantes e reguladoras do crescimento têm sido empregadas com afinco para aumentar a performance das plantas, visando mitigar os efeitos de estresses abióticos e aumentar a produtividade da cultura, reduzindo as lacunas de produtividade.

Induzindo determinadas respostas fisiológicas nas plantas, biorreguladores tem contribuído para o aumentar a interceptação de radiação solar através de sutis alterações na arquitetura de plantas. Também atuam aumentando a resiliência das plantas sob condições de estresse, e podem até mesmo elevar a produtividade de grãos de culturas como a soja, desde que, sejam posicionados adequadamente e não haja outro fator limitando ao crescimento e produtividade da cultura.

Plant Performance com Stoller

A maioria das culturas de interesse agrícola são classificadas como plantas C3 ou C4, de acordo com seu mecanismo fotossintético. As plantas C3 são mais exigentes em condições climáticas comparativamente as plantas C4, sendo que, as plantas C3 necessitam de boa disponibilidade de água e temperaturas amenas para atingir maiores taxas de fotossíntese, enquanto que as plantas C4 mais eficientes em ambientes quentes e com alta luminosidade (Cid & Teixeira, 2017; Paulilo, Viana, Randi, 2015; Taiz et al., 2017).

Considerando que fatores como radiação solar, concentração de CO2 , temperatura, disponibilidade hídrica  e nutrição interferem na capacidade fotossintética da planta,  e consequentemente no acúmulo de fotoassimilados nos grãos, adotar estratégias que potencializem processos fisiológicos é uma das alternativas para aumentar a taxa fotossintética e melhorar a performance das plantas.

Embora  não seja possível ajustar fatores como concentração de CO2, intensidade da radiação e temperatura a nível de campo, é possível utilizar ferramentas que preconizem a boa formação das plantas, crescimento e desenvolvimento, aumentando sua eficiência. Dentre os pontos de maior atenção nesse sentido, destacam-se o equilíbrio hormonal e nutricional da planta.

De acordo com Paulilo, Viana, Randi (2015), fitormônios como  auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscisico desempenham diferentes funções no metabolismo e fisiologia vegetal, estando envolvidos em processos desde a germinação das sementes, crescimento e desenvolvimento vegetal, até a senescência das plantas. Nesse sentido, os níveis hormonais podem variar de acordo com a necessidade da planta ao longo do seu ciclo, interagindo com nutrientes essenciais para processos metabólicos (figura 3). A deficiência de dado hormônio ou nutriente, pode limitar ou inibir processos na planta, afetando sua performance final.

Figura 3. Níveis Hormonais da planta em função da etapa de desenvolvimento.

Níveis Hormonais da planta
Fonte: Rafael Rosolen T. Zafred

Sendo assim, garantir um adequado equilíbrio nutricional e hormonal é indispensável para assegurar o potencial produtivo da cultivar, sendo esse, um dos principais desafios enfrentados em culturas como soja e milho. Visando mitigar essas carências e suprir as exigências hormonais e nutricionais das plantas, a Stoller conta com uma linha completa de soluções fisiológicas que englobam reguladores de crescimento e nutrientes específicos para garantir o bom estabelecimento, crescimento, desenvolvimento e produtividade da soja e milho, com foco no aumento da performance das plantas.

Soja

Analisando as repostas produtivas da soja em função do uso de reguladores vegetais, contendo em sua formulação Cinetina, Ácido Giberélico, Ácido4-Indol-3-Ilbutírico, Carvalho; Viecelli; Almeida (2013) observaram incrementos de produtividade superiores a 34% com o uso do bioestimulante, quando comparado a testemunha.

Além dos reguladores de crescimento, inoculantes tem demonstrando importante contribuição para o aumento da performance da soja. A coinoculação com bactérias do gênero Azospirillum, associadas ao Bradyrhizobium, tem contribuído para o aumento do desenvolvimento do sistema radicular da soja, melhorando o acesso da planta a água e nutrientes nas camadas mais profundas do solo,  aumentando a resiliência da planta a condições de estresse hídrico.

Além disso, estudos demonstram que plantas de soja coinoculadas, apresentam um maior número de nódulos viáveis da fixação biológica de nitrogênio, o que melhora a fixação de nitrogênio e o aporte desse nutriente para a planta, elevando sua produtividade. Em média, plantas coinoculadas apresentam 14,5 nódulos por planta, enquanto plantas somente inoculadas apresenta 11,2 nódulos por planta, o que representa um aumento de 29,3% decorrente da coinoculação (Prando et al., 2022).

Figura 4. Comparação do sistema radicular e do número de nódulos na raiz principal de 10 plantas de soja da testemunha sem inoculação (direita) e de plantas coinoculadas com Bradyrhizobium + Azospirillum (esquerda).

Comparação do sistema radicular e do número de nódulos na raiz principal
Fonte: Prando et al. (2022).

A Stoller foi a primeira empresa a trabalhar com uma tecnologia combinando Azospirillum + Bradyrhizobium em uma mesma formulação (DualForce), melhorando a eficiência operacional no campo e a performance da planta.

Milho

Na cultura do milho, além de ação de biorreguladores melhorando o estabelecimento da cultura, é comprovado que a inoculação com Azospirillum é uma alternativa para o aumento da produtividade. Conforme observado por  Hungria & Nogueira (2022), a inoculação do milho com estirpes de Azospirillum pode promover incrementos de produtividade de até 3,1% em comparação ao milho não inoculado, além de aumentar a tolerância das plantas a estresses abióticos.

Figura 5.  Efeitos da inoculação com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense no (A) crescimento das raízes; (B) teor de clorofila; (C) altura das plantas; (D) nutrição nitrogenada; (E) uniformidade das espigas de milho (Hungria & Nogueira, 2022).

Efeitos da inoculação com as estirpes
Fotos A, B e C: Total Biotecnologia; (D) Fábio Bueno dos Reis Junior; (E) Mariangela Hungria Fonte: Hungria & Nogueira (2022)

Além do aumento da performance da planta,  inoculação como solução biológica, reduz a sensibilidade do milho a estresses hídricos e térmicos. Logo, ao posicionar adequadamente híbridos de milho, com base em suas exigências edafoclimáticas, associando estratégias e soluções fisiológicas, como Stimulate e Mover, e um adequado programa de manejo a exemplo do Milho 360°, tem-se plantas mais eficiente e tolerantes a estresse, apresentam maior performance no campo, do início do estabelecimento da lavoura a maturidade fisiológica.

Nesse contexto, a utilização de bioinsumos para o aumento da eficiência das plantas têm contribuído cada vez mais para o aumento da produtividade e estabilidade produtiva das lavouras, aliando soluções biológicas à fisiologia e nutrição da planta, para aumentar sua performance no campo “Plant Performance”. Contudo, para que resultados positivos e substanciais sejam alcançados, é preciso um adequado programa fisiológico para que essas ferramentas sejam posicionadas adequadamente.

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