Nutrição de plantas: conheça o nutriente mais requerido pela soja

A disponibilidade de fatores como água, radiação solar e nutrientes do solo é essencial para que uma planta possa expressar seu potencial produtivo. Com relação a nutrição de plantas, um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas é o Nitrogênio, que segundo Taiz et al. (2017) é constituinte de aminoácidos, amidas, proteínas, ácidos nucleicos, nucleotídeos entre outros, desempenhando funções bioquímicas essenciais no metabolismo das plantas.

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Para cada tonelada de grãos de soja produzidos, são extraídos cerda de 82 kg.ha-1 de nitrogênio e exportados cerca de 61 kg.ha-1 do nutriente. Sendo assim a suplementação do nutriente via fertilizantes implicaria em um elevado custo de produção, comprometendo a sustentabilidade econômica do cultivo.

Nutrição de plantas: nitrogênio para boas produtividades de soja 

Uma forma menos onerosa e prática para o fornecimento de nitrogênio necessário para boas produtividades de soja é o processo de simbiose entre bactérias do gênero Bradyrhizobium e plantas de soja. Segundo Gitti (2016), a simbiose entre a soja e bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium pode fornecer todo nitrogênio necessário para produtividade médias de soja de até 3600 kg.ha-1, além de efeito residual de 20 a 30 kg.ha-1 de nitrogênio para a cultura sucessora.

As bactérias fixadoras de nitrogênio podem ser encontradas no solo, entretanto nem sempre em quantidades suficientes para promover uma associação simbiótica que forneça todo o nitrogênio necessário para altas produtividades de soja. A forma mais pratica e usual de aumentar a população dessas bactérias promovendo uma simbiose eficiente é por meio da inoculação da soja. O processo de inoculação pode ser realizado nas sementes, utilizando inoculantes líquidos e turfosos ou no sulco de semeadura.

Segundo dados da Embrapa Soja, o processo de inoculação da soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium promove um incremento de produtividade na ordem de 8%, assim como a coinoculação com bactérias do gênero Azospirillum que também proporciona um aumento de produtividade médio de 8%. Somando-se as duas contribuições, o processo de inoculação e coinoculação da soja proporciona incremento de produtividade média de até 16% em condições adequadas aos processos simbióticos e associativos.

Bactérias Azospirillum promovem o estímulo ao crescimento vegetal

As bactérias do gênero Azospirillum promovem por meio de processos associativos o estímulo ao crescimento vegetal, especialmente nas zonas radiculares. O aumento do sistema radicular eleva a eficiência de absorção de água e nutrientes do solo em virtude do maior volume de solo explorado, além disso, a coinoculação da soja influencia na nodulação.

Avaliando a inoculação e coinoculação na cultura da soja, Gitti (2016) encontrou resultados que demonstram a eficiência dos processos de inoculação e coinoculação no incremento da produtividade e nodulação da soja. O autor avaliou a testemunha não inoculada e sem nitrogênio (NI), inoculação padrão da soja com Bradyrhizobium na dose de 100 mL.ha-1 (I), inoculação com Bradyrhizobium + Azospirillum nas doses de 100 mL.ha-1 e 150 mL.ha-1 (I + Azo 150 mL.ha-1), respectivamente, e o fornecimento de nitrogênio mineral – ureia (200 kg.ha-1 de nitrogênio) em cobertura no estádio R2 (Gitti, 2016).

Figura 1. Número de nódulos por planta, massa seca de nódulos por planta, massa seca de raízes por planta e massa seca da parte aérea da soja em 2015 e 2016 obtidos em tratamentos sem a inoculação de sementes, inoculação (Bra­dyrhizobium), coinoculação (Bradyrhizobium + Azospirillum brasilense) e aplicação de ureia em cobertura (200 kg.ha-1 de nitrogênio). Fundação MS, Maracaju, MS, 2016 (Gitti, 2016).

Fonte: Gitti (2016)

Conforme observado por Gitti (2016) e Prando et al. (2019), além do aumento da nodulação da soja, a coinoculação da cultura promove aumento da produtividade quando comparada a cultura não inoculada. Assim como esses autores, Vieira Neto et al. (2008) observaram o aumento da produtividade da soja quando inoculada com bactérias fixadoras de nitrogênio, corroborando as informações fornecidas pela Embrapa Soja.

Entretanto, as respostas da inoculação podem estar relacionadas a dose de inoculante, forma de inoculação e/ou processo de inoculação, sendo fundamental possibilitar condições adequadas de cobertura das sementes proporcionando boa distribuição do inoculante.

Figura 1. Sementes de soja sem inoculação (esquerda); apenas inoculante turfoso (centro); inoculante turfoso aplicado após umedecimento das sementes com solução açucarada a 10% (direita) (A); má distribuição e sedimentação do inoculante aplicado sem solução açucarada (B) (Prando et al., 2019).

 Fonte: Prando et al. (2019)

Quando as sementes são adquiridas já inoculadas ou coinoculadas, é fundamental atentar para o transporte e armazenamento dessas, sendo que condições inadequadas de umidade e temperatura podem comprometer a sobrevivência das bactérias. A inoculação ou coinoculação no sulco de semeadura, vem sendo bem aceita para o cultivo da soja, já que o processo promove maior praticidade e melhor contato bactérias/sementes/solo.

O processo de nodulação da soja tem início nos estádios V1-V2 conforme escala fenológica proposta por Fehr & Caviness (1977). Quando a presença de nós é perceptível, a verificação da viabilidade dos nódulos é fundamental para evidenciar a eficiência do processo simbiótico, sendo que nódulos sadios e funcionais devem apresentar coloração interior rósea em consequência da presença da leghemoglobina.

Figura 2. Corte transversal do nódulo resultante do processo de simbiose entre soja e bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium.

Fonte: Embrapa

Com relação ao aumento da produtividade da soja, Gitti (2016) observou que a soja coinoculada apresentou maior produtividade em relação a soja inoculada e a testemunha, destacando a importante contribuição da prática na produtividade da cultura.
Figura 4. Produtividade da soja em 2015 e 2016 obtidas em tratamentos sem a inoculação de sementes, inoculação (Bradyrhizobium), coinoculação (Bradyrhizobium + Azospirillum brasilense). Fundação MS, Maracaju, MS, 2016 (Gitti, 2016).

Adaptado: Gitti (2016)

Tendo em vista os aspectos observados, pode-se concluir que a inoculação e coinoculação da soja são práticas fundamentais para a sustentabilidade e rentabilidade do cultivo da soja, sendo uma ferramenta indispensável no fornecimento de nitrogênio para a cultura.

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Por Maurício dos Santos – Mais Soja

Referências:

FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção Soja 2015/2016, Fundação MS, 2016.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2018/2019 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 156, nov. 2019.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, Porto Alegre, 2017.

VIEIRA NETO, S. A. et al. FORMAS DE APLICAÇÃO DE INOCULANTE E SEUS EFEITOS NA CULTURA DA SOJA. Biosci. J., Uberlândia, v. 24, n. 2, p. 56-68, Apr./June. 2008.

 

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